A Fertilização In Vitro é uma das técnicas de Reprodução Assistida (RA) mais conhecidas. Como diz o próprio nome, o procedimento consiste em realizar o encontro do óvulo com o espermatozoide (a fertilização) em ambiente laboratorial, formando embriões que serão cultivados e transferidos ao útero da mulher.
Todo o processo da FIV consiste em quatro etapas distintas: a Estimulação Ovariana, a Coleta dos Gametas (óvulos e espermatozoides), a Fertilização dos Gametas e Cultivo dos Embriões no Laboratório, além da Transferência dos Embriões para o útero da paciente.
Estimulação ovariana
Estimular os ovários a produzirem óvulos é a primeira etapa da FIV. A estimulação do ovário a produzir os óvulos ocorre por meio da administração de medicamentos, com dosagens personalizadas, voltados a promover o crescimento e maturação do maior número possível de óvulos. Este estímulo, que é acompanhado por exames de ultrassom, pode demorar entre 10 e 20 dias para que ocorra a produção ideal da qualidade e número de óvulos.
Coleta de gametas
Esta etapa ocorre em dois momentos: há a coleta de óvulos ou aspiração folicular, que consiste em um procedimento relativamente simples, realizado por médicos em ambiente ambulatorial nas clínicas de RA com duração de cerca de 15 minutos.
Os óvulos são encontrados dentro de folículos ovarianos, presentes nos ovários das mulheres. A coleta deles é realizada com o uso de uma agulha fina, acoplada ao aparelho de ultrassom. Ela é introduzida na vagina da paciente, chega ao ovário e alcança o folículo. O que é coletado, neste momento, é o folículo ovariano, onde os óvulos estão alojados. O líquido aspirado de cada folículo é depositado em placas e levado para o laboratório de RA, para que os embriologistas vejam, com auxílio de microscópio, os óvulos coletados.
O segundo momento corresponde à coleta dos espermatozoides, que é realizada por meio da ejaculação do sêmen após a masturbação, em salas específicas de coleta localizadas no laboratório de RA. No entanto, quando os homens não dispõem de espermatozoides no sêmen ejaculado, condição chamada de Azoospermia, os espermatozoides são retirados diretamente dos testículos ou dos epidídimos.
Nesse caso, o médico urologista realiza uma aspiração dos espermatozoides, que podem ser sugados diretamente de túbulos existentes logo após os testículos, utilizando uma agulha fininha. O material é entregue ao embriologista para que este possa encontrar os espermatozóides. Em casos nos quais os espermatozoides não são identificados, realiza-se a biópsia do testículo, ou seja, um pequena amostra do testículo é biopsiada em condições de anestesia e entregue ao embriologista, que irá macerar a amostra até encontrar os espermatozóides.
Fertilização dos gametas e cultivo dos embriões
Os óvulos coletados do ovário são identificados e colocados em placas contendo líquidos pré-aquecidos e estabilizados a 37ºC – condições semelhantes ao líquido presente nas trompas e úteros das mulheres. Estas placas contendo os óvulos são colocadas dentro de incubadoras, cuja temperatura é mantida em 37ºC, semelhante ao corpo humano, por 2 a 4 horas.
O processo da junção dos espermatozoides com os óvulos, ou seja, a fertilização, pode ser realizada de duas maneiras:
Na FIV convencional, um total de 100 mil espermatozoides móveis de boa qualidade são colocados ao redor dos óvulos coletados dos ovários, deixados por um período determinado de horas na incubadora para que ocorra a fecundação.
Quando o paciente não tem o número e/ou a qualidade ideal dos espermatozoides para a realização desse procedimento, aplica-se a técnica de FIV (fertilização in vitro) com a Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI).
Na técnica de FIV com ICSI, os espermatozoides não são colocados ao redor do óvulo, mas diretamente dentro deles. Para isto, os óvulos passam por um processo de preparo no qual as células que estão grudadas neles são retiradas com a ajuda de substâncias (enzimas) que facilitam o procedimento. Uma vez preparado o óvulo, o embriologista seleciona um espermatozoide móvel de boa qualidade, paralisa-o e o coloca dentro de uma micropipeta especial.
Essa pipeta tem uma ponta fina, que permite ao embriologista perfurar o óvulo e depositar o espermatozoide dentro dele. Neste caso, é necessário utilizar apenas um espermatozoide por óvulo e não os 100 mil necessários para a técnica tradicional de FIV.
Após este período, os embriologistas confirmarão se ocorreu a entrada dos espermatozoides nos óvulos. Um dos indícios é uma mudança visual na apresentação do óvulo: quando ele exibe dois núcleos no interior, indica que houve a fecundação.
Transferência do embrião
Uma vez formado o zigoto (pré-embrião), este é separado e deixado em um líquido, semelhante ao que existe nas trompas e no útero, dentro de incubadoras, por um período de 2 a 5 dias, para que se desenvolvam e possam ser transferidos para o útero.
Os embriões desenvolvidos durante esse período são avaliados diariamente pelos embriologistas para que eles possam assegurar qual o melhor momento para transferi-los ao útero da futura mamãe.
A transferência pode ser feita em um período que vai do segundo ao quinto dia do desenvolvimento dos embriões. No dia adequado para a paciente, o embriologista os colocará em cânulas finas de plásticos que serão introduzidas na vagina até o útero, onde serão depositados.
Esse procedimento, geralmente, é executado sem anestesia, de forma rápida e simples, e acompanhado por um exame de ultrassom para que o médico possa confirmar o local, dentro do útero, onde os embriões foram depositados. Também há uma conferência dentro da cânula, a fim de se verificar se, eventualmente, algum embrião não foi depositado.
O número de embriões a serem colocados no útero de cada paciente depende de vários fatores, entre eles idade, qualidade, embrião, útero, por exemplo. Após essa avaliação, os embriologistas decidirão, junto com os futuros papais, o número ideal a ser transferido.